terça-feira, 9 de setembro de 2014

MINHAS PRIMEIRAS TECNOLOGIAS




MINHAS PRIMEIRAS TECNOLOGIAS

Nária Aparecida Moura Ribas

Vejo-me agora tentando escrever um memorial da minha infância com o intuito de descrever como a tecnologia ingressou em minha vida, quais as lembranças que marcaram significativamente para expor entre as linhas as sensações e sentimentos com tais mudanças.

Então acho que posso começar falando um pouco quem sou contextualizando toda essa história que remete recordações até engraçadas com relação a manusear tais aparelhos tecnológicos e como tudo era estranho e inovador na época, mas uma coisa era certa como era bom ser criança, aprender, brincar ou até aprender brincando.

Mas enfim, nasci em 1985, na cidade de Campinas e com mais ou menos uns sete anos de idade me lembro de um fato que trouxe mudanças na rotina de casa, meu pai comprou um aparelho telefônico e no bairro poucas pessoas tinham então ele fez um caderno para ter controle das ligações realizadas, porque várias pessoas pediam para utilizar e no fim do mês quando chegava a conta, ele sabia de quem cobrar.

Mas o interessante é que o telefone em casa era novidade mesmo, sempre que tocava era uma briga entre eu e minha irmã para atender e quando as pessoas vinham falar queríamos escutar e lembro-me de uma inquietação de querer saber como as pessoas conseguiam falar lá de dentro, sendo que estavam tão longe, engraçado, mesmo meu pai tentando explicar era tudo esquisito.

A televisão já era hábito em casa, principalmente porque minha mãe gostava de ver as novelas, mas a regra era rígida nada de falar ou fazer bagunça durante o jornal e ao acabar o programa o destino era a cama, sem nem questionar. Os desenhos eram todos da emissora Cultura, pois era o canal aberto, acho que nem outros tinham, adorávamos assistir “Ratimbum” e interagíamos o tempo todo com as atividades que eram propostas.

Lembro-me da escola de atividades tradicionais, apenas cartilhas e livros didáticos, nada de aulas diferentes e inovadoras, apenas a grande lousa verde e o giz branco sempre lotada de matéria e o tempo curto para escrever tudo no caderno. Ah! E os trabalhos não posso deixar de registrar aqui, todos escritos à mão, obrigatoriamente na folha de almaço.

 O computador fui ter apenas na adolescência, quando já estudava no curso de Magistério e mesmo assim a desconfiança era enorme com aquele aparelho, para fazer o trabalho primeiro escrevia tudo a mão para depois digitar, demorava horas e horas, o que era para facilitar complicava mais ainda na época. O que não tenho como esquecer foi o trabalho que perdi todo por não ter salvo corretamente, chorei muito e foi difícil conquistar uma amizade confiável com aquela máquina. Mas hoje somos inseparáveis e é uma ferramenta fundamental para meus estudos, no entanto o percurso foi sofrido para conhece-lo e manuseá-lo.

Da minha infância até os dias atuais muitas foram as mudanças e adaptações em decorrência aos avanços tecnológicos, isso em praticamente em tudo que usamos no dia a dia. É claro que a tecnologia melhorou e facilitou muita coisa na vida do ser humano, no entanto realizando este memorial e relembrando os fatos como eram, muita coisa se perdeu, percebo que principalmente o contato físico das pessoas, até mesmo com as crianças, que se envolvem e brincam apenas com jogos virtuais ou videogames, deixando de explorar outras atividades de socialização, movimento corporal, ficando reféns dessa tecnologia.

Enfim acredito que é necessário um equilíbrio e fazer dessa tecnologia apenas uma ferramenta para auxiliar e não deixá-la gerenciar toda nossa vida. Algo para se pensar justamente para nós professoras que trabalhamos com muitas infâncias.

 

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